sábado, 1 de setembro de 2012

Calico e eu



Se minha história com Calico fosse virar um filme, ela provavelmente seria uma comédia. Uma comédia quase romântica, aliás. Com um toquezinho de drama – bem pequeno mesmo.
Conheci o Calico pela internet. Infelizmente não foi no chat da uol. Foi no facebook de uma amiga de infância, a Thaís. Ela o encontrou, assim como a seu irmão, perto de casa. Como protetora independente de animais, logo decidiu levar os filhotinhos para casa. Lembro-me de ter lido algumas atualizações de status dela sobre gatinhos ronronando serem uma delícia e sobre a alergia dela estar atacada, mas nem dei muita moral, afinal ela tá sempre falando de animais. Algum tempo depois, Thaís postou fotos dos dois irmãozinhos fazendo fofices. Isso, por sua vez, me chamou atenção. Lá estava escrito que eles estavam para adoção. Já fazia quase cinco anos que eu não tinha nenhum animal em casa e eu sempre amei gatos. Tive quatro, se não contar os filhotes da minha gata (11). Meu apartamento já tinha telas em todas as janelas (só tive que improvisar pra arrumar um buraco na área de serviços). E eu estava apaixonada por aquela orelhinhas negras e os olhinhos acinzentados que hoje se tornaram amarelos (é possível ver nas fotos).

Calico, aos 2 meses.
Moro com minha mãe e meu irmão, logo tive que falar com eles. Meu irmão se seduziu de cara. Minha mãe não gostou da ideia. Disse não saber se tínhamos a estrutura para abrigar e cuidar de um felino no apartamento. Me pus a pesquisar e a explicar pra ela o que os sites diziam ser necessário. Calculei os gastos também. Falei com meu namorado, Natan, ele achou a ideia meio louca. Mas eu estava decidida. Num belo domingo anunciei à minha família que o Calico viria morar conosco temporariamente, pois o lar onde ele estava logo receberia mais gatinhos por conta de uma gata prenha. Na verdade, naquele dia avisei todo mundo. Foi uma zona pra pobre Thaís, que não dirige, buscar o gato e trazer pra mim. Mas tinha que ser naquele dia, porque eu não teria aula nos dois dias seguintes e poderia dar-lhe a devida atenção. Acima de tudo, eu já tinha dito à minha mãe que assim aconteceria, de modo a ela não ter como refutar.
Apesar da loucura do dia, deu tudo certo. Calico veio pra cá, cheirou a casa toda e em menos de meia hora todo mundo já o amava eternamente e não queria nem saber de achar outro dono.
Calico aos três meses.
 Nesse dia ele foi tomar
a primeira vacina.
Não sei se todos sabem, mas filhotes são filhotes em qualquer espécie. Calico ficou arredio no começo, mas se acostumou conosco. Deitava na minha cama perto de mim quando eu estava usando o computador e começou a se enroscar no banquinho que usava de apoio para o lap top. Na primeira noite, por volta das três horas da manhã, acordei com ele em cima do meu peito, totalmente desperto, querendo brincar. Brinquei com ele até as quatro horas, quando decidiu dormir novamente. Assim foram também os dias que se seguiram. Em algum momento da madrugada, impreterivelmente, Calico aparecia na minha cama (que ele tinha que escalar pra subir) querendo carinho, atenção ou diversão. Deu certo nos primeiros dias, os que não tive aula, mas quando recomecei a ir pra faculdade, ficava morrendo de sono. Felizmente gatos crescem rápido e essa fase durou mais ou menos um mês. Logo ele arranjava seus próprios brinquedos para caçar durante a noite. O que também era um problema: ele jogava qualquer coisa no chão para brincar, de modo que antes de dormir tínhamos que guardar tudo, se não, durante a madrugada, começaria o barulho. Aprendemos a lidar com isso, comprando e inventando brinquedos silenciosos pra ele, tais como bolinhas macias e animais de pelúcia.
Calico bocejando. À época ele ainda tinha
um belo (e único) bigode branco.
Aos poucos ele se afeiçoou à minha mãe também e passou a fazer um rodízio de camas durante a noite. Até hoje ele tenta nos acordar pra fazer carinho nele à noite, mas aprendemos a ignorá-lo. O Natan também se apaixonou por ele. Até hoje passa um tempão observando e brincando com o gato sempre que nos visita. E cada um que vem aqui, e não tem aquele imenso preconceito sem sentido com os felinos, dedica uma boa parte de seu tempo ao Calico e termina amando-o.
Algumas informações que podem ser interessantes pra quem tem a intenção de adotar um gatinho:
- Calico já veio pra mim vermifugado, mas tive que vaciná-lo (tríplice felina e raiva). As vacinas custam por volta de 40 reais a dose (são três doses da tríplice – com três, quatro e cinco meses – e depois anual da tríplice e de raiva).  Escolhi a tríplice porque o Calico é um gato de apartamento, ele não tem contato com outros gatos ou com o ambiente externo à nossa casa, exceto em casos especiais. Dependendo de como será a vida do seu gatinho, a vacina ideal para ele pode ser a quádrupla ou a quíntupla felina, que são mais caras.
Calico tímido.
- A areia higiênica é a melhor invenção humana no que tange a gatos. Ao contrário do que se pensa, não se usa areia de construção na caixa de areia do gato. A areia higiênica tem alto poder de absorção, permitindo que você retire a sujeira do seu gato sem fazer lambança. Além disso, ele também não suja a casa toda. Aos que não sabem, gatinhos já nascem sabendo usar a caixa de areia, basta mostrar a ele e é lá que ele SEMPRE fará suas necessidades. Calico nunca fez em nenhum outro lugar.
- Existem rações dos mais variados tipos. Eu escolhi uma de preço intermediário e só alimento-o com ela e, ocasionalmente, alguma carne (o que ele realmente aproveita da nossa alimentação são proteínas e gorduras) que tenhamos pronta. Ele adora atum em lata, por exemplo. Mas arroz e feijão, nem pensar. Comida de gente, é comida de gente. Felizmente, hoje em dia, com seus quase oito meses, Calico nem aceita comida humana se a gente oferecer. Só aceita ração. As vantagens da ração são óbvias: elas possuem os nutrientes que tornam os gatos saudáveis, além de não apresentar componentes que eles não digerem e, por consequência, podem levar a uma infecção ou a algum tipo de intolerância. Sempre que vai ao veterinário, Calico é elogiado por seu pelo brilhante, que é a principal indicação de saúde de um gato.
Calico observando o mundo de
 cima de sua cadeira.
Reparem que o bigode branco
 se foi há uma semana.
- Leite não é festa. Gatos amam leite. Eles tomariam litros se você lhes desse. Acontece que, assim como nós, os gatos se tornam levemente intolerantes a leite quando crescem. Você pode controlar o consumo de leite dele pelas fezes: se estiverem redondinhas e firmes, ele está bem. Se estiverem moles e disformes, talvez seja melhor diminuir o leite. Se preferir, procure o veterinário, ele sempre saberá ainda melhor o que fazer.
Por último, mas não menos importante: todo animal doméstico é o reflexo de seu dono. Você deve ter tempo para se dedicar a ele. Da mesma forma que um pitbull pode ser amável e educado, um gato pode ser carinhoso e gentil. Calico recebe todos os membros da casa na porta com esfregações e lambidas. Ele não nos procura só quando quer comida. Ele não é egoísta e arrogante. Não tenho a menor intenção de fazê-lo rolar e buscar um disco, isso está muito longe da natureza dos felinos. Mas ele atende a chamados e é muito carinhoso com todos. E tem seus momentos de ignorância com o mundo, mas quem não tem? Ele merece respeito tal qual qualquer um de nós e, uma vez que o receba, também vai respeitar a todos.
Calico no dia em que ele chegou aqui, com um mês e meio, e, recentemente, com sete meses.

2 comentários:

  1. Calico é um gato muito fofo que morro de vontade de aperta!!!
    Ah e enlouquecido, mas isso é culpa tua que pira ele, Di.
    heheheh
    beijo!!

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  2. Ele está lindo, Diana! E eu só tenho a te agradecer por ter recebido esse pequeno na sua casa de braços abertos :) fico feliz em saber que ele está bem e que é muito querido.
    Obrigada!!! São coisas assim que me dão a certeza de que eu devo continuar a resgatar outros caliquinhos por aí ^^
    Beijão pra você e pra ele!

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